Supervisão em psicologia é uma atividade que não temos muito o costume de conceitualizar, uma vez que o termo é quase autoexplicativo e que, de uma forma ou de outra, todos sabem do que se trata. Apesar de todo profissional formado já ter passado pela experiência de ser supervisionado, existindo, portanto, um conhecimento vivencial e empírico, a realidade dentro do contexto profissional não é tão simples assim.
É possível encontrar diversos conceitos e modelos de supervisão em psicologia, sendo que a primeira e mais básica distinção entre eles é que a supervisão pode ser administrativa (também chamada de gerencial) ou profissional / clínica.
A supervisão clínica, que é a abordada na obra, deve ser um processo em que a pessoa supervisionada se sinta acolhida, segura e compreendida, apesar de ao mesmo tempo desafiada. Trata-se de uma relação complexa e que não deve ser confundida com terapia pessoal ou, ainda, com reunião administrativa. Ela é regular e acontece em um ambiente protegido, com foco na aprendizagem e na autoavaliação, devendo ocorrer durante toda a carreira de um profissional da área de saúde.
Os principais conceitos de Supervisão são o de Falender e Shafranske (2004), que a definem como sendo uma atividade profissional distinta na qual educação, treinamento e desenvolvimento de práticas baseadas na ciência são facilitadas através de um processo interpessoal colaborativo, e o conceito de Bernard e Goodyear (2009), que a definem como intervenção na qual um membro mais experiente supervisiona o trabalho de um membro júnior, menos experiente de uma mesma profissão. Apesar de ser a mais conhecida, a supervisão definida por Bernard e Goodyear (2009) é criticada pela ênfase no nível hierárquico do processo e por restringi-lo a membros de uma mesma profissão.