Esse livro é fruto de um movimento dos psiquiatras mineiros de cuidado com a psiquiatria de ligação, de entender que não há divisão entre a mente, o cérebro e o corpo. Que o paciente que tem insuficiência cardíaca, depressão e delirium deve ser tratado em sua totalidade. Que o psiquiatra no hospital geral melhora o tratamento como um todo, reduz custos, traz benefícios para os pacientes, os colegas e o hospital. Que o diálogo entre as várias especialidades e o tratamento integrado é o caminho para um tratamento de qualidade. Que os sobreviventes de tentativas de suicídio no hospital geral são uma oportunidade de ouro para um encontro com um psiquiatra de ligação que vai refinar seu diagnóstico, otimizar seu tratamento, guiar o paciente e sua família a um aprendizado nesse momento de crise.
Não se espera que os médicos dominem todas as especialidades. Mas se espera que o médico reconheça os limites de seu conhecimento, saiba quando encaminhar ou discutir o caso com um colega, saiba dos efeitos colaterais e interações de seus tratamentos, das comorbidades, saiba enxergar uma pessoa e não somente um fígado, um tumor, um braço quebrado.
Esse livro busca descrever o trabalho do psiquiatra no hospital geral, e o encontro entre as várias especialidades e a psiquiatria. Não existem pacientes psiquiátricos, mas existem pessoas em momentos difí ceis, com comorbidades psiquiátricas prévias ou novas, se deparando com a finitude, a doença, a dor. E onde existe sofrimento tem que haver alguém para curar ou aliviar esse sofrimento, com ciência, filosofia, solidariedade, compaixão ou quem sabe até mesmo amor.